Como são os sonhos dos deficientes visuais?

Como são as imagens que se formam nos sonhos dessas pessoas?

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sexta-feira, 26 de março de 2010

Injusto ou normal?

"Ah, que desgraça!", sussurrou Cássio ao descer da balança.
Eu estava prestes a atacar ele dentro do canal.
"Seu doido! Você tá se achando gordo?", perguntei aborrecida.
"Não Manie, muito pelo contrário. Eu tô um palito, preciso engordar!"
Eu dei uma risadinha e fiquei tranquila.
Sabe, o Cássio tá fazendo Gestão Comercial em Moda aqui em Santos, e eu confesso que fico preocupada, né? Por quê? Justamente pelo motivo de ele começar a entrar cada vez mais nesse mundo e acabar pesando 15 kg com quase 1,80. Mas ele não é bobo, por isso que eu fiquei tranquila.
"Que estranho, né... - comentei - Creio que eu tenha uma visão meio egoísta sobre esse assunto, mas eu jurava que você tivesse essas neuras de querer ficar um palito, sabe?"
Ele arregalou os olhos.
"Mais magro que isso? Manie, socorro!"
Quando saímos da farmácia, o tempo voltou ao forno de Santos. Bem que o ar-condicionado podia ser implantado no planeta inteiro, né?
"Tem muito gordinho lá na tua faculdade, Cássio?", perguntei curiosa.
"Sim, tem. Pior que eu fico meio sem jeito em algumas ocasiões. Tipo, uma vez a professora pediu pra gente desenhar um manequim para um trabalho e avisou que tinha quer ser magro, bem magro, magérrimo."
Ah, a professora não está fazendo nada de errado. Ela não pode falar "Ae, galera, todos desenhando manequins 90, heim!", até porque ela está preparando os alunos para o mundo da moda e, infelizmente, ele é assim.
"Teve uma menina gordinha que ficou sem graça na hora, sabe?", continuou ele, "Eu não sabia onde enfiar a cara, sério. É estranho, né? Imagina você ouvindo essas coisas."
Realmente, eu poderia até me acostumar, mas do jeito que aquilo foi dito , eu, provavelmente, ficaria meio sem jeito.

Bem, eu descobri de uma vez por todas porque é que grande maioria das modelos atuais são magérrimas. Alguns estudiosos do assunto afirmam que é pela facilidade que isso gera aos estilistas, os quais se baseiam em um único padrão ao criar as peças. Outros insistem na ideia de as modelos "acompanharem" o mundo atual. Portanto, se nos anos 80, quando a moda era vista com euforia, as modelos aparentavam ser mais saudáveis, hoje, com a recessão mundial, elas são cada vez mais obrigadas a representar essa época.

Pois é, eu resolvi pesquisar um pouco sobre o assunto antes de chegar aqui falando bobeiras, mas como o esse blog é praticamente pessoal, quero expôr minha opinião sobre esse tópico.

Tá, eu ignoro todo esse blábláblá de atual situação mundial e facilidade pros estilistas. Acho que as modelos nem deviam ser magras. Não é uma revolta particular não, eu não quero ser modelo. É uma revolta que quase todo mundo tem. Existem muitas modelos magras e saudáveis - sem aquela cara pálida de quem ficou gripada durante dois anos - que são contra esse padrão de beleza tão magro e doentio.

Quanto mais a mídia se envolve nesse mercado de ''marionetes", mais esse padrão de beleza vai reinando entre a cabeça das pessoas, principalmente as adolescentes que vivem querendo ser igual "àquela da TV" e, muitas vezes, ingressam naquele conhecido e lamentável mundo de anorexia e bulimia.

Muita gente não vê novela, mas já deve ter ouvido falar na personagem Luciana, que idealizou durante toda a vida um futuro brilhante como modelo, mas sofreu um acidente, tornando-se tetraplégica. Não precisa nem dizer que ela se desiludiu de todo esse sonho, não é? Aos meus olhos, isso não precisava ter acontecido.

(Luciana, vivida pela atriz Alinne Moraes)

Outro exemplo é uma pessoa considerada gorda que sonha em brilhar nas passarelas. Apesar de viver nesse mundo ilusório, ela sabe que não poderá realizar seu sonho se não emagrecer. Aliás, hoje em dia existem agências de modelos específicas para ''gordinhas'' ou deficientes físicas, mas eu me refiro ao mundo da moda, ao centro das atenções. Quando proferimos a palavra modelo, ninguém imagina uma pessoa acima do peso. Por que será? Nem é necessário uma resposta concreta, né?

De que adianta o mundo inteiro gritar "VIVA AS DIFERENÇAS", se ainda existem mundos que não demonstram isso diretamente? Não deveriam existir ''grupos'' de moda para cada tipo físico, mas sim, um só grupo, uma só passarela... Os mesmos holofotes, a mesma atenção, os mesmos fotógrafos!


(Whitney Thompson, primeira modelo GG a ganhar o America's Next Top Model)

Muitas pessoas ainda ficarão sem graça na classe de faculdade do Cássio. Até quando?

sábado, 13 de março de 2010

Um sonho sem cores.

Hoje fui jantar fora com o Cássio, ali no Gonzaga mesmo. Fomos num restaurante árabe, tomar um lanchinho hihi. Ficamos pensando no que postar no blog e, quando nos demos conta, estávamos conversando sobre algo que poderia virar um post: o sonho dos cegos.


Sempre tive curiosidade em saber como os cegos sonhavam, principalmete as pessoas que já nasceram cegas. Como pode uma pessoa que nunca viu as cores, as árvores, o sol, uma outra pessoa, o céu e etc, sonhar? Será o seu sonho uma imensa escuridão? Poxa, isso seria triste, pois ao meu ver, sonhar é viver o que não pode, ter o que não pode, ser o que não pode. Na maioria dos meus sonhos eu me vejo numa universidade, ou em outro país, ou ainda, num apartamento gigante só pra mim... E um cego, o que pode idealizar em seus sonhos? O cinza, o escuro, o branco?

Andei pesquisando e descobri algumas coisas interessantes, as quais serviram-nos de resposta. Os cegos por natureza, ou seja, aqueles que já nascem cegos, sonham basicamente com sitações do cotidiano. Por exemplo, existem muitos que sonham estar caminhando com suas bengalas pela rua, conversando com seus amigos e parentes (sem vê-los, obviamente; através das vozes). Muitos afirmam que não podem ver, mas escutam, cheiram e falam.
Já em relação aos cegos que perderam a visão depois de certa idade, ou mesmo quando crianças, dizem que até certo ponto sonhavam com imagens, momentos vividos, lembranças. Porém, com o tempo, essas imagens vão esvoaçando pelos cantos e raras delas permanecem em seus sonhos. Ou seja, elas vão desaparecendo aos poucos, até se tornarem, muitas vezes, um cinza.

Após estudar sobre o tema, me senti previlegiada por sonhar com as cores, com os lugares e pessoas, os vendo como realmente são. Mas, ao mesmo tempo, tenho um incrível respeito e admiração por aqueles que não podem enxergar, mas em muitos casos, veem muito melhor do que os que possuem uma perfeita visão, fazendo disso um dom de criar o seu próprio mundo e ser feliz do jeito que pode.